Saiba Mais.

A ocorrência da morte súbita nas pastagens vem preocupando a todos os pecuaristas das áreas atingidas. Os focos se alastram causando danos, até agora irreversíveis, nas pastagens atingidas. As perdas, nessas áreas afetadas, chegam a ultrapassar os 90%, os criadores de gado, assim como os técnicos, buscam soluções, porém até agora, não se encontrou nada efetivo além da substituição da variedade afetada por outras mais tolerantes. Sentimos que essa escalada não para de crescer e é possível que as variedades hoje, tidas como tolerantes amanhã poderão deixar de o ser. Foi observado, em muitas áreas, que de um dia para outro, o capim morre. Começa com manchas pequenas no pasto que vai se alastrando pela pastagem, até a sua morte total em pouco mais de 60 dias.

 

                                                                                             Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

O primeiro relato de danos foi registrado no Acre, em 1990 e hoje toma conta de boa parte do norte do país, incluindo o estado do Mato Grosso. Eu, pessoalmente, já me deparei com esse problema na Guatemala, na Costa Rica, na Colômbia e em alguns estados brasileiros como Acre, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Norte de Minas Gerais. Recentemente observei uma área suspeita com Massai, no Mato Grosso, cujas fotos podem ser observadas abaixo.

 

                                                                                             Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

                                                                                             Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

Vários trabalhos vêm sendo executados, pela Embrapa e outras instituições. Dentre eles, destaca-se o conduzido pelo pesquisador da Embrapa Bruno Pedreira no município de Terra Nova, MT sobre as possíveis causas do problema. Segundo o pesquisador Bruno Pedreira, a causa principal da morte das pastagens já foi identificada. Ele relata que com a retirada das florestas há 30 anos e início da atividade pecuária a área útil de solo utilizada reduziu muito, e devido aos altos índices pluviométricos do Mato Grosso houve alterações no uso dessa terra. Isso, provocou uma mudança na relação entre os patógenos (fungos e a planta) fato esse, descrito como sendo um dos principais fatores que contribuíram para o surgimento da síndrome. A associação desses fatores reduziu a quantidade de água infiltrada no solo, deixando bem menos oxigenada as raízes das plantas, abrindo portas para a entrada de fungos, que provocam essas manchas. A recomendação técnica hoje é a substituição das variedades susceptíveis por variedades mais tolerantes como a Mombaça, o Zuri, o Andropogon, a Estrela, o Angliton e a Humidícola. Com essa ação se pode recuperar a área degradada em até 120 dias.

 

Abaixo, sintomas da síndrome da morte súbita.

 

FASE INICIAL

 

                                                                                     Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

FASE MÉDIA

 

                                                                                      Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

FASE AVANÇADA

 

                                                                                       Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

Calcula-se que no Mato Grosso, mais de 2 milhões de hectares apresentem sintomas da ocorrência de lesões. A morte súbita tem afetado mais a região norte e algumas áreas do centro-oeste onde as precipitações são altas, acima dos 2.000 mm anuais, com solos mal drenados ou de baixa permeabilidade. Em muitas áreas os solos alagam, reduzindo a oxigenação das raízes das plantas. Como a brizantha Marandú e seus pares como a Piatã, Xaraés e os híbridos derivados desta, tem baixa adaptação a estas condições, fica mais vulnerável ao ataque dos fungos causadores de doenças, presentes no solo. Um fato que pude observar é que quando há mais matéria orgânica a planta resiste mais indicando que se há nutrição os danos são um pouco mais amenizados.

 

                                                                                            Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

Provavelmente, outro fato que pode agravar esse processo, são os nematoides que podem formar galerias no sistema radicular favorecendo o ingresso dos fungos e outros patógenos. Cacilda Borges do Vale, analisando amostras de raízes e solos oriundos de propriedades, das áreas infectadas, constatou, através de análises, a presença de fungos como o Pythium, Rhizoctonia, Fusarium e de fitonematóides, em especial Pratylenchus brachyurus. Com o advento da integração lavoura e pecuária e a introdução do cultivo da soja, na região, isso pode ter contribuído para o agravamento do problema.

                                                                                             Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

Para Bruno Pedreira, “Antes era floresta densa, com alta diversidade e hoje temos áreas contínuas de monocultivo de pastagens”. As raízes exploravam cinco a dez metros de profundidade, enquanto hoje exploram de 20 a 30 centímetros.

 

                                                                                               Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

Isso modifica a dinâmica de água no perfil do solo ao longo dos anos. Houve ainda, redução na biodiversidade, desequilibrando a relação fungo/hospedeiro. A planta, ao ficar mais próxima, uma planta da outra e ao se deparar com uma planta suscetível, junto a um ambiente favorável a coisa se agrava. A capacidade de fotossíntese da Marandú chega a reduzir até 73% o que a torna mais vulnerável a adversidade, pois sem fotossíntese a planta morre desencadeando o problema da síndrome. A alternativa mais recomendada hoje, e a mais econômica é a substituição da variedade. Como já mencionado, os que mais acumulam forragem, são os capins do gênero Panicum, como Mombaça e Zuri, com rendimento de 25 a 30 toneladas/há, o Andropogon também tem se comportado bem nessas áreas endêmicas assim como, as humidícolas. Entretanto, é importante adequar o sistema de produção, pois, quanto mais à planta produz mais estacional ela é, o que resulta numa baixa produção no período da seca.

 

Isso levará, com certeza, a necessidade de buscar fontes extras de alimento.

 

                                                                                               Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

                                                                          FOTOS DO ZURI entremeado com a Brachiaria morrendo e secando.

 

Na foto abaixo podemos observar o Zuri que restou na máquina de plantio, se destacando nesse triste cenário.

 

                                                                                               Morte súbita das Pastagens - Possíveis causas e efeitos.

 

Segundo Pedreira, os testes mostraram ainda que além da Marandu, a Piatã, o Mulato II (Convert) e possivelmente outros Hibridos oriundos da Marandú apresentaram e poderão apresentar o problema da síndrome da morte da braquiária, demonstrando que eles também não seriam indicados para a substituição do braquiarão nos locais com essa mortalidade. Seria necessário diversificar as plantas forrageiras. O uso de várias espécies traz maior segurança, reduzindo a chance de insucesso. O plantio de uma só espécie aumenta o risco de perdas, nunca plante mais de 40% de uma variedade na área. O certo seria plantar acima de três variedades para se diminuir os riscos de perdas. É só observar as pastagens nativas aonde chegamos a encontrar um alto número de espécies por metro quadrado.

Outra ferramenta que ajuda o pecuarista a evitar prejuízo é o zoneamento edáfico das áreas de risco. A Embrapa vem trabalhando nisso e pode ajudar nas indicações. Nesse estudo foi levada em conta uma interpretação das características de solos relacionadas à baixa permeabilidade e excesso de água, baseando-se nos mapas pedológicos da região, o levantamento do uso de solo e da cobertura vegetal, o regime pluvial de cada área e ainda foram realizadas duas expedições a campo para identificar pontos de ocorrência de morte do capim Marandu.

Aplicar as recomendações feitas pelos pesquisadores e extensionistas é a melhor opção pra se evitar maiores perdas. 


“Terra bona fructus bonos usus” 

 

 

LML/EXTENSIONISTA WSB - 22/02/2016.

Mais Lidas

Como minimizar as...

Produção de palhada...

Incrustação de sementes:...

Pesquisas demonstram a...

Consórcio de leguminosas...

Manejo da pastagem...

ISO 9001 - Certificado desde 2008 ABCZ ABRASEM UNIPASTO

"O usuário pode optar pelo registro ou oposição aos cookies de sessão e outros que são coletados neste website. Leia nossa Política de Privacidade e saiba mais."